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No way out. Wolfpack.

 :: Nova York

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Mensagem por Convidado Ter Abr 07, 2015 12:36 am



Sobrevivendo, N.Y.


Remember days of skipping school
Racing cars and being cool
With a six pack and the radio
O céu começava a tomar tons diferenciados. Sendo pintado de um vermelho claro, em conjunto de relances arroxeados. Em poucos minutos, no máximo uma hora, estaria escuro. A cidade não possuía mais luz elétrica, era basicamente como ser enviada de volta para o século XIX, só faltavam as carroças e longos vestidos colchoados. Suspirei, tendo os braços estendidos contra o batente da janela, mais uma vez estava ali, vendo a movimentação incessante daquelas coisas lá embaixo.

Pouco andavam, parando abruptamente. Pareciam em inércia, quietos na deles, mas se moviam tão rapidamente a qualquer sinal de calor, que me fazia temer. Não pela minha vida, já havia chego em um estado no qual não conseguiria mais fugir. A morta me era uma conhecida querida, quase como uma amiga que lhe fala mal pelas costas. Se um dia a mesma viesse e me adornasse com seu manto profano, seria apenas mais uma nas expectativas de mortandade. Sai de perto da janela, recolhendo uma das mochilas rasgadas, onde encontrava metade de uma garrafa d'água, forcei a tampa para abrir, levando aos lábios róseos e ingerindo todo o líquido em poucas goladas. A água estava acabando, não havia uma única gota nas torneiras. Precisava me mexer rapidamente, ir para um local onde nem mesmo os humanos, na época em que o mundo era mundo, queriam ir.

Enfrentar pumas, cobras e outro animais agora, era bobagem comparado aquelas coisas. Um sorriso apologético furtou meus lábios quando pensei em simplesmente pegar a faca que estava cravada na testa do meu irmãozinho, que agora fedia como um corpo em plena putrefação, e simplesmente acabar com isso. Dois cortes profundos nos pulsos, chegando aos tendões seria o modo mais fácil de sucumbir. Mas não o farei, não posso, tampouco quero isso. É a solução mais fácil, eu sei, mas nunca fui dada a caminhos suaves.

Larguei a garrafa de lado, que caiu rolando pelo carpete. A cidade estava silenciosa, decrépita. Qualquer barulho era possível se ouvir de longe, mesmo com o som característico dos rastejar dos pés dos mordedores, assim como seus gemidos ocasionais. Por isso, foi uma surpresa e tanto quando ouvi algo parecido de quando jogamos um copo na parede. Eles haviam entrado no prédio? Meu sangue gelou, arregalei os olhos diante do medo. Quando mesmo havia pensado em deixar a morte me levar? Por breves segundos, senti um temor jamais sentido.

Corri em direção da janela, o coração retumbando dentro do peito. Me debrucei, os cabeças-ocas estavam indo na direção do prédio à frente. Oh, fuck!

Uma parca iluminação saia do apartamento que dava de frente ao que eu estava. Parecia uma lanterna. Fiquei tão nervosa. Zumbis não eram capazes de ligar ou acender algo, disso eu tinha certeza. Mal conseguiam subir escadas, imagina ter coordenação motora para ligar uma lanterna! Ou uma tocha, nunca se sabe. Meu corpo estava pendendo para fora da janela, mas a noite já nos cobria, fazendo com que os malditos não conseguissem me distinguir.

Foi quando algo passou pela janela oposta. Parecia alguém saudável pela agilidade ao se mover. Poderia ser alguém saqueando? Se refugiando? E se pudesse me ajudar?

Milhares de ideias passaram pela minha cabeça, cada uma mais maluca que a outra. Eu era uma médica, formada e renomada. Trabalhava em um dos maiores hospitais de Delaware, e estava tendo pensamentos infantis. Contudo, tinha que fazer algo para chamar atenção, um cartaz estava fora de cogitação. Nem caneta eu possuo. Foi quando, mais uma vez, um lapso repentino se fez aparecer. Tirei as mãos sobre o batente e levei ambos os dedos mindinhos contra os lábios, formando uma careta.

Assoprei, tão forte, que quando o ar trespassou pela fresta que estava sendo formada pela minha boca, um assobio alto reverberou no silêncio fúnebre. Assobiei mais uma vez, conseguindo chamar a atenção daquelas coisas, e esperava, por Deus, que quem estivesse lá, também ouvisse. Soprei novamente, forçando um novo assobio. Haviam sido três vezes, e quando estava indo para a quarta tentativa, um homem apareceu na janela. Parecia muito branco na penumbra do outro apartamento. Ele parecia me olhar com tanta surpresa quanto.

Corri para pegar minha mochila, voltando poucos segundos após. Foi quando peguei um caderno de folhas rasgadas, que antigamente, havia sido um diário. Como já havia pensado antes, não estava em posse de uma caneta. Não soube o que fazer. Até que mais uma vez, em meus momentos dramáticos, uma ideia lunática apareceu. Podia ser loucura, mas era a única coisa que eu poderia fazer.

Ergui o braço destro, deixando o pulso em evidência. Entreabri a boca, deixando que meus dentes brancos, de caninos finos ficassem em evidência. Mordi com tanta força a derme, que gotas de sangue inundaram minha língua. Soltei a mordedura, permitindo o sangue pingar livremente, com o líquido rubro e viscoso capturado pelo dedo indicador. Risquei letras soltas no papel, erguendo-o após terminar.

"Help me?" Podia-se ler, apesar da escuridão, a lua ajudava. Torcia para que o homem tivesse uma boa visão. O sangue logo estancou, já que foram apenas quatro furinhos.


Convidado
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Mensagem por Convidado Ter Abr 07, 2015 4:52 am
A garota do prédio ao lado



Vocês queridos sobreviventes, sabem o que é  ter esperança sobre algo e depois perder tudo? Com certeza sabem, tudo aquilo que um dia sonhavam se foi. Sim, eu também perdi um monte de coisas com essa porra de apocalipse. Sabe qual a pior coisa disso tudo, umas das coisas que você mais necessita no momento cai na sua mão e quando você acha que tudo vai dar certo o mundo se reorganiza para te foder mais uma vez, daria mais risadas se não fosse eu o fodido da vez.

Após acertar o morto-vivo do mecânico James com um golpe na cabeça e pegar a chave do Don Machine o meu mundo veio abaixo, a mecânica estava completamente destruída e olhando de longe parecia um formigueiro com essas desgraças que antes eu poderia chamar de pessoas enfrentando uma fila pra comprar um novo iPhone ou esperando abrir as lojas numa Black Friday. Como a minha falecida avó tinha me dito uma vez, “todo castigo pra corno é pouco”, sim, eu me sentia traído pela vida mais uma vez e completamente sem esperanças de sair daquela cidade de merda.

Não tinha mais nem a vontade de procurar pela loja de armas, do jeito que aquela rua estava cheia de monstros eu só conseguiria sair dali se fosse o Rambo e estivesse com munições em proporções industriais para acabar com todos aqueles bípedes que só sabem morder e nada mais. Respiro fundo sentindo o pouco de esperança que ainda me existia, volto passando pela mesma rua que tinha passado a noite anterior, só me restava continuar andando em meio a essa cidade de merda.

Uns trinta minutos tinha se passado, eu apenas estava reclamando em como a vida tinha me batido tão forte a ponto de me deixar só numa cidade do tamanho de Nova York. Havia me esquecido apenas que não estava completamente só naquele mundo de meu Deus, mas tinha os meus seguidores que infelizmente não eram do Twitter atrás de informações sobre mim, eles apenas queriam se aproveitar do meu corpo, porém não do modo bíblico o que é muito pior.

Meu machado é novamente acionado novamente, com um golpe usando a parte afiada da machadinha diretamente no meio do face daquele monstro fazendo com o que o mesmo caia desfalecido no meio da rua. Queria ir embora daquele local buscando algo para passar o resto daquele fim de tarde, mas algo me fez voltar a atenção ao corpo podre que estava estirado no chão. Seu uniforme de segurança de museu, olho diretamente na altura da sua cintura procurando pela típica lanterna que eles costumam ter em seu cinto. Sim, mais uma vez a vida tinha me presenteado, seria agora mais uma peça na qual o ser divino em que acredito está  rolando de rir em seu trono gigantesco ou essa lanterna seria a luz que me encaminharia para algo melhor como pelo menos ter um alimento nessa noite para poder sobreviver por mais alguns dias?

Se naquele momento ainda existisse aplicativos como Instagram e afins eu tenho certeza que iria ter pelo menos uma foto do horizonte, que estava quase escurecendo, com aquelas pessoas lá na frente. Bem, como nada disso era possível de se tornar realidade, muito menos aqueles mortos-vivos ali na frente serem novamente civilizados assim como um dia todos nesse mundo já foram. As portas de alguns prédios ali ao lado estavam praticamente escancaradas e em toda a minha ignorância sabia que entrar em um daqueles prédios era praticamente enfiar um daqueles espetos de assar carne em meu pescoço.

Quando percebo onde havia chegado estava praticamente chamando a atenção de todos os mordedores para a minha direção. Aqueles mais ou menos vinte que são barrados na porta do edifício e não param de fazer barulho me preocupavam caso tivesse alguns mais e eu acabasse ficando encurralado por aqui e talvez até partindo para uma melhor onde ficaria ao lado da maioria e não apenas junto da pequena parte da resistência. Aciono o botão da lanterna torcendo para que ainda funcione, não demora muito e após algumas piscadas ela já está iluminando a escada. Chego mais ou menos em um dos apartamentos do terceiro andar, também conhecido como o último daquele prédio.

Pela manhã eu teria mais tempo para vasculhar o resto do prédio, agora na frente da porta eu uso a força para entrar dentro daquela residencia. Encosto a porta, no máximo que conseguiria sem poder acabar preso dentro daquele apartamento, segurava o machado a minha frente com uma mão enquanto com a outra iluminava o resto da casa. Sala e cozinha estavam vazias, quartos e armários também não tinha nada, banheiro e dispensa também não tinham nada além de alguns alimentos que seriam de grande proveito pra mim. Ilumino a sala e caminho para a mesma indo me sentar ao sofá quando ouço um assobio. Me perguntava umas trinta vezes naquele intervalo de tempo de um outro assobio até que finalmente chego a conclusão de que eu não estava completamente só naquele mundo de filhos da puta.

Olho diretamente na janela da sala iluminando o prédio a frente, uma garota loira na janela me mostrava uma folha, o pouco que conseguia enxergar naquele caderno a garota parecia pedir socorro. Me sento no sofá, tinha sido agraciado com alguma alma para me acompanhar naquela jornada para sair daquele inferno chamado Nova York. Em toda a minha vida eu tinha certeza que aquele era o único momento em que tinha a necessidade de matar mais indigentes para finalmente ter a sua companhia. Não tinha a mais puta ideia de como iria despistar aqueles mordedores, olho novamente na janela e aparentemente com uns 25 metros a esquerda do prédio tem um carro, ele visivelmente sem condições nenhuma de ser dirigido pois se encontrava sem os pneus dianteiros. Volto a luz para a garota loira da janela, e faço sinal para que ela espere por alguns momento.

Volto ao quarto e dentro de um dos armários e encontro uma mochila Jeep (daquelas que tem bolso para notebook e grande até para colocar algumas das coisas que existem na dispensa ali dentro. Em menos de dez minutos a mochila estava praticamente lotada, apoio a mesma no chão da sala. Tateio os bolso pegando a chave do duplamente falecido mecânico James, abro a janela e miro no vidro para-brisas do carro jogando com força. Nada, nem quebrar o vidro quebrou, aliás nem encostou no carro. Com a iluminação da lanterna eu procuro na sala algo, e aquele pote redondo preto de cerâmica, que se encontrava na mesa de centro da sala, seria a minha bola de futebol americano onde eu relembraria os meus tempos de moleque jogando como se fosse o passe para a corrida do desempate do Super Bowl.

Dito e feito, tanto o pote quanto o para-brisas do carro espatifam, a atenção daqueles zumbis é atraída diretamente para aquele carro velho. Aquele era o momento para sair dali e encontrar com aquela moça que eu poderia estar ficando louco ou não, mas seria o fim do meu tédio nessa vida monótona. Com a mochila em minhas costas, minha machadinha nas mãos e a lanterna na outra eu corro para fora do prédio esperando pela garota que poderia tranquilamente enfiar uma bala na minha cabeça roubar tudo o que tinha.


Itens:


#Rufus Nova York

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Mensagem por Convidado Ter Abr 07, 2015 6:12 pm



Sobrevivendo, N.Y.


Remember days of skipping school
Racing cars and being cool
With a six pack and the radio
Minhas mãos suavam a medida que ia descendo as escadas de emergência. Durante todo o processo de um plano maluco que um cara que eu nunca vi na vida, havia confeccionado, peguei tudo o que poderia usar. Optei pelos itens leves, algo que ficasse na mochila, sem que pesassem ao extremo, deixando minha mobilidade lenta.

Capturei duas garrafinhas d'água, a primeira cheia e a outra pela metade. Aquelas da coca-cola, contendo 600ml cada. Enfiei os pacotinhos de comida do exército, em compartimentos dentro da mochila, junto do kit de primeiros socorros. Com tudo pronto, dei uma última olhada pela sala, lembrando de um casaco antigo que encontrei em um dos armários. Estava gasto, mas ainda me era útil, parecia de um material feito como tweed. Não havia mais nada para levar. Abri a porta, que ao se mover com tamanha lentidão, rangeu. Tremi levemente, imaginando uma invasão daquelas coisas. Mais uma vez minha mente estava pregando peças. Antes de cruzar a saída, peguei o bastão de inox. Segurei o que antes era um dos brinquedos do meu irmãozinho com tanta força, que nós começaram a se formar nos meus dedos.

Deveria ir, mas regressei, puro nervosismo. Voltei para onde estava meu irmão, sangue do meu sangue. Não dava para ver seu rosto, apenas os cabelos alourados, que ficavam para fora do papel laminado. Engoli o choro, me doía como o inferno ter que deixá-lo ali, mas precisava viver. Segurei a faca que estava cravada na testa da criança, puxando com força. O armamento ao sair, fez um barulho estranho, libertando-se dos miolos. O sangue não pingou, já estava seco, mesmo estando dentro dele. Trinquei os dentes, por fim, descendo as escadas.

E é aqui que eu me encontro, parada defronte a entrada do prédio, esperando ver o homem saindo do outro lado da rua. Mas não houve nada, apenas a movimentação das coisas, que estavam indo em direção do carro, que por qualquer motivo aparente, parecia ser um lixo, contudo, ao ter seu vidro arrebentado, reverberou em um alarme estridente. Se não fossemos embora agora, todos os monstros iriam brotar na rua em pouco tempo. O carro continuava a apitar, assim como a demanda.

Foi quando distingui o rapaz saindo do prédio, ele me olhou, acenando para que eu fosse até lá. Respirei ruidosamente, contando até 10 mentalmente enquanto apoiava as mãos no encosto de uma cadeira que havia colocado dois dias antes para barrar a entrada no local, a empurrei pro lado. O portão logo se abriu, deixando-me a mercê do que estivesse na rua. Entretanto, não havia nada.

Com o bastão de baseball em uma mão e a faca em outra, corri em direção do moreno, que fez o mesmo. Nos encontramos no meio do caminho, e por puro reflexo, envolvi seu pescoço em um abraço sufocante, falando para que ele ouvisse;

- Obrigada, obrigada. Achei que fosse a última viva dessa cidade. - Ditava alto, tendo uma sensação inegualável. Quando estamos perdidos em algum lugar, e de repente, alguém nos acha e nos leva para algum lugar seguro. Era o que eu sentia.

A emoção logo se deu findo, quando vindo da outra rua, quatro ou cinco daquelas coisas apareceu. Cambaleavam, tendo lacerações pelo corpo, sangue seco encrustado nas roupas gastas, a pele esbranquiçada, cerúlea, em conjunto dos olhos opacos, sem vida.

Não havia muito para se fazer, a não ser mata-los. Com a faca de cortar carne, bem presa entre os dedos, fui na direção do primeiro, que já havia nos avistado, mesmo no escuro da noite. O medo se calou, se escondendo em um lugar escondido em minha mente. O monstro veio com furor, a boca aberta, mostrando os dentes apodrecidos em conjunto dos lábios rachados e a língua enegrecida. Era o retrato do inferno.

Quando ele estava perto o suficiente, estendi o braço, dobrando o ante-braço e forçando-o contra o peito da criatura, que soltou algo parecido com um gemido lamurioso, a medida que eu o arrastava para trás, foi quando ergui a faca e com força finquei sobre sua cabeça. A arma branca entrou alguns centímetros, arrebentando o crânio com a lâmina. Uma ânsia de vômito me atingiu, mas engoli qualquer coisa que estaria vindo.

Retornei a segurar o cabo da faca, deixando o corpo inerte cair no chão. Girei nos calcanhares, vendo o homem pegar outro. Precisávamos ir embora, o alarme tinha parado de soar.




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